sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

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Noite.
Ouço o uivo quieto do vento que torna a calar esta noite fria.
Ao meu lado, tenho um velho relógio que confundi o seu tic e tac com o outro som possível de se ouvir aqui.
Já passa de ser muito tarde, mas ainda é cedo demais para ser cedo ainda. Não vejo nada a minha frente, não vejo nada.
De toda esta montanha de conhecimento que tenho ao simples toque de um teclado, apenas posso acessar as informações de meu próprio eu. Imprecisas. Por ora incoerentes. Sempre misturadas com vontades e estimuladas por desafios.
Mas o que sou senão um prêmio da vida em curso dela mesma?
Possibilidades d'eu não nascer existiam, d'eu não conseguir, d'eu não escrever... Tudo eu poderia ter perdido, mas consegui comprar este velho relógio e é ele quem me prova que isto tudo não passa de nada mais que a verdade.
Não é você quem me dirá o quanto o mundo é belo. O relógio, esse sim veio para organizar minha vida: é hora de almoçar! É hora de chorar! É hora de observar quanto tempo falta para o tempo acabar e eu poder ter o que sempre quis de/com você.
Por ora, pode-se dizer que o tempo é uma imagem imóvel da eternidade.
(Até com ele a bateria pode acabar)
(Pena que não posso adiantá-lo às vezes)
(Pena que quando é para parar... Tic, tac, tic, tac, tic...)
Quer um chiclete?
Ajuda a esperar.

Um comentário:

Damaris disse...

O tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu pro tempo que o tempo tem tanto tem. Quanto tempo o tempo tem ?