segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pensei em Desistir

Pensei em desistir.

Estranho falar sobre isso, mas pensei em desistir de escrever (como se eu pudesse parar de respirar por minha própria vontade).

Observei o mundo e sua cor não era mais a mesma. Tudo havia se tornado um fosco, anuviado, entristecido pela tristeza qu'eu nem sabia que estava por perto.

Estar por perto.
Afinal, o que é "estar perto"?
Todos estamos perto de nossa morte, assim como estamos perto de nossa vida;
Todos estamos perto do amor, assim como vemos o ódio espalhado por meio de tantos olhos que não se usam para observar.

Observar.
Não vejo mais a poética sendo desenhada num voo livre de um pássaro branco a tocar o infindável céu que já foi meu refúgio.
Quando olho para uma criança, não dou um sorriso e meu coração aperta. Meu coração aperta por eu não sorrir e saber que aquele pequenino ser não é fruto do meu amor com ninguém.

Ninguém.
Conheço muitos ninguéns. Zés, Pedros, Joãos. Muitos que não têm nome e outros tantos que de tantos nomes acabam se esquecendo de si mesmos.

Nós mesmos.
Preciso aprender a abrir os dois braços em meu próximo alçar no céu. Minha mão deve parar de procurar a sua em um vazio que ocupa o espaço necessário para ser solitária.

Solidão.
É pensar em você sabendo que não tenho nada de ti, não sou nada para ti e que me usa como um leque quando calor e um cobertor quando frio. O problema são todas as outras estações as quais você passa.
São essas que não suporto mais.

Suportar.
Carregar algo mais pesado que sua própria força de levantar.
E assim tentando levar para todos os lados você.
Fingindo estar feliz quando quebrado estava.
Agonizando por um oi em minha solidão.
Chorando sozinho no escuro.
Olhando para o nada.
Pensando em ti.
Esqueço-me.

E desisto.
E desisto de desistir.

Marcelo Lito de Moraes
15/6/10

3 comentários:

Clen disse...

Melancolicamente agoniante...

Cris disse...

Ai Ma, que dor!!!

paty disse...

não desista não meu amigo...